domingo, 12 de abril de 2015

A MARCHA VERDE e AMARELA


Neste domingo, 12 de abril, os brasileiros voltam às ruas para protestarem contra o governo da presidente Dilma Rousseff, pelo fim da corrupção e pedirem o Impeachment. Tudo bem, vivemos numa Democracia fruto de muita Luta, por isso todos podem se expressarem livremente, irem às ruas e reivindicarem tudo o que quiserem e que acharem ser de direito. 
Eu também sou " Contra a Corrupção", torço pelo " Fim da Impunidade" e luto pela "Moralidade no Congresso".
Continuo acreditando na política, como algo necessário e importante pra vida de todos nós. Por isso, peço desculpas desde já aos "bem intencionados" e/ ou aos "inocentes úteis" manifestantes de hoje, por ter tido a impressão de que  muitos dos participantes estavam na passeata, como se fizessem parte de um evento dominical. Confesso que dói na minha alma, ver jovens ao lado dos seus pais, segurando faixas que mostram desconhecerem a Política Nacional, além do descompromisso com História do Brasil e com a Liberdade de Expressão.

Será que todos os manifestantes presentes nas passeatas, possuem consciência de que ao pedirem o Impeachment da presidenta Dilma, estão lutando para colocarem no poder Michel Temer, vice-presidente da República e atual aliado político da presidenta?!
Acho muito contraditório, levantarem a bandeira à favor da "Liberdade de Expressão"e permitirem que manifestantes  caminhem lado a lado, levantando faixas pedindo a Intervenção Militar e a volta da Ditadura.

Nada justifica...sei que muitos grupos se organizaram aleatoriamente através das redes sociais e que devemos respeitar o pensar diferente. Mas, não podemos esquecer os "ANOS de CHUMBO"... cruel período da Ditadura militar no Brasil (1964-1985). No qual, tanta gente morreu e foi torturada injustamente. Desconhecer esse período, é, no mínimo, desconhecer a história do País. 

Temos que lutar pelos Direitos Humanos, pela Igualdade de Direitos e pela garantia dos direitos constitucionais. Só assim, poderemos continuar marchando livremente pelas ruas e honrando a nossa bandeira. É preciso entender, que com a Intervenção Militar e a volta da Ditadura o que é VERDE apodrece e o sangue vermelho, que corre nas nossas veias e faz nosso coração pulsar, torna-se AMARELO. Fácil de imaginar, quantas milhares de mães teriam seus lares invadidos, seus filhos aprisionados  e até assassinados, em nome da Segurança Nacional.
Todo e qualquer livro, que você tiver na estante, poderá lhe incriminar e lhe comprometer. Livros??? Há...hoje, a vida gira em torno das mídias e redes sociais, instrumentos de comunicação que tornaram-se indispensáveis para todos nós. Por serem, facilitadores da comunicação e informação, nas ditaduras eles também são controlados.

Se durante a Ditadura Militar, muitos brasileiros foram torturados e presos, sem a mínima noção das razões que os levaram à condição de vítimas do Regime. Me preocupa observar, que nessas manifestações de 2015, com milhares de Homens e Mulheres de todas as idades, nem todos estão abraçando a mesma causa, que é a de " Combate a Corrupção". Diferente da passeata dos "Cem Mil", em 1968, uma das mais expressivas manifestações populares da República brasileira, onde todos protestavam contra a ditadura militar e a repressão. 

Os manifestantes de hoje, não percebem o perigo ameaçador para a Democracia, ao caminharem com os  que defendem  a " A Intervenção Militar".  Cansados de tanta corrupção na política, muitos não enxergam a possibilidade de estarem entrando num comboio, que poderá seguir por trilhos inesperados e ameaçadores para a Democracia, levando-os por caminhos desconhecidos e aterrorizantes, nos quais jamais desejariam estar.
Como a Vida imita a Arte, recomendo um pouco  de reflexão através da música de Zé Ramalho.


Vida De Gado

Zé Ramalho

Vocês que fazem parte dessa massa,
Que passa nos projetos, do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais, do que receber.
E ter que demonstrar, sua coragem

A margem do que possa aparecer.
E ver que toda essa, engrenagem
Já sente a ferrugem, lhe comer.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz

O povo, foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores, tempos idos
Contemplam essa vida, com a cela
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo, se acabar
A arca de Noé, o dirigível
Não voam, nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar,
Não voam nem se pode flutuar.

Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado e,
Povo feliz


A MARCHA DOS CEM MIL - 1968



26 de junho de 1968, composta por aproximadamente cem mil pessoas, entre elas artistas, intelectuais, padres, mães, estudantes e políticos, descontentes com o governo, ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a ditadura militar . 


Eva Todor, Tonia Carreiro, Eva Wilma, Leila Diniz, Odete Lara e Norma Bengel

Vladimir Palmeira, o líder do movimento civil, discursando durante a Passeata dos Cem Mil, em 1968

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